Rua Batolomeu de Ribeira, 33 Jaguaré
05330-010 São Paulo SP

011-3768-2781

E-mail.: paroquiasaojosejaguare@gmail.com

Os três evangelistas sinóticos

Vanderlei de Lima – publicado em 01/11/20

Possam essas sadias curiosidades aguçar o gosto de cada leitor(a) pela meditação e pelo estudo da Boa Nova de Jesus Cristo, nosso Senhor

Três dos quatro Evangelhos são sinóticos (semelhantes). Os de Mateus, Marcos e Lucas, santos homens que fizeram a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo chegar até nós por meio da Igreja. Daí a questão: quem são eles? – Este artigo nos responde.

Mateus, nome provavelmente originário de Matatias (= presente de Javé), era um cobrador de impostos (publicano), que, chamado por Jesus, seguiu-O imediatamente (cf. Mt 9,9-13; Mc 2,14-17; Lc 5,27-32).

Ele redigiu o primeiro Evangelho em aramaico (o hebraico já não era mais usado desde o século IV a.C.), conforme antigos testemunhos como o de Pápias, Bispo de Hierápolis (cf. Eusébio de Cesareia. História da Igreja III, 39,16) e Santo Irineu de Lião, em sua obra Adversus Hairesis III, 1,1). Escreveu no ano 50, mas foi, aos poucos, sendo traduzido para o grego, idioma corrente da época, e a Igreja adotou como canônica (oficial) uma dessas traduções, já que o original aramaico se perdeu (Jerusalém foi destruída no ano 70). Temos, então, Mateus grego do ano 80.

Marcos, que significa “Servo de Marte”, é o nome romano de João Marcos ou apenas João. Vem de uma família respeitada entre os judeus, de modo que em sua casa se reuniam os cristãos da comunidade primitiva de Jerusalém (cf. At 12,12). Parente de Barnabé, uniu-se a ele para evangelizar a ilha de Chipre (cf. At 15,36-39). Ao que tudo indica, esteve em Roma entre os anos de 63/64, com Pedro e Paulo, e aí redigiu seu Evangelho. Com o martírio desses dois apóstolos, deixou Roma. “É antiquíssima a tradição segundo a qual Marcos teria, em seguida, evangelizado o Egito, fundando a comunidade cristã de Alexandria. Aí morreu, selando com o próprio sangue, a fé e o amor a Cristo” (Dom Amaury Castanho. Iniciação à leitura da Bíblia. 5ª ed. Aparecida: Santuário, 2007, p. 161).

Ao contrário de Mateus (cf. 10,2-4), Marcos não foi apóstolo, mas discípulo deles; em especial, de Pedro (cf. 1Pd 5,13) que provavelmente o batizou. Também acompanhou Paulo no início de sua primeira viagem missionária (cf. At 13,5), porém não prosseguiu (cf. At 13,13). Daí, o Apóstolo não tê-lo chamado para a segunda viagem (cf. At 15,37-40). O autor do segundo Evangelho volta a aparecer como colaborador de Paulo na sua primeira prisão ou cativeiro (cf. Cl 4,10; Fm 23-24) e lhe é muito útil em seu ministério (2Tm 4,11). Crê-se que o próprio Marcos parece referir-se a si mesmo no seu Evangelho (cf. 14,31). No entanto, é na Tradição que temos – especialmente por meio de Pápias, Bispo de Hierápolis – a confirmação de que o segundo Evangelho é de sua autoria (cf. História EclesiásticaIII, 39,15).

Lucas (do latim Lucius) era gentio ou pagão de Antioquia, na Síria, e médico (Cl 4,10-14); portanto não judeu. Por seu Evangelho, se nota que era, de fato, um homem culto: traz 261 palavras próprias ao vocabulário do Novo Testamento. Convertido ao Cristianismo, esteve com Paulo em partes da segunda e da terceira viagens missionárias (cf. At 16,10-37; 20,5-21,18). Também foi com o Apóstolo das gentes para Roma (cf. At 27,1-28,17), agiu junto a ele, com grande fidelidade, no seu primeiro cativeiro (cf. Cl 4,14; Fm 24) e ainda o acompanhou na segunda prisão (cf. 2Tm 4,11). Daí seus escritos terem grande afinidade doutrinária e linguística com os do apóstolo Paulo.

A tradição atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho – escrito por volta do ano 75 –, conforme escreve Dom Amaury Castanho: “Há depoimentos antiquíssimos, do século II, atestando que ele é o autor tanto do Evangelho que leva o seu nome quanto dos Atos dos Apóstolos, belíssima história da comunidade cristã e das atividades dos Apóstolos em seus primeiros anos” (Iniciação à leitura da Bíblia, p. 163; cf. Dom Estêvão Bettencourt, OSB; Maria de Lourdes Corrêa Lima. Curso Bíblico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2016, p. 100).

Possam essas sadias curiosidades aguçar o gosto de cada leitor(a) pela meditação e pelo estudo da Boa Nova de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *