Celebramos neste mês a grande Solenidade Litúrgica do Sagrado Coração de Jesus. Essa é uma devoção muito popular, que ganhou dimensões globais a partir do século XVII, pelos esforços de São João Eudes, Santa Margarida Alacoque e da beata Maria do Divino Coração.
Mas é preciso saber que a devoção já existia antes. Já desde a Idade Média, o Coração de Jesus passou a ser amplamente considerado como modelo para o amor que somos chamados a ter. Mas foi o Papa Leão XIII que consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus, ato que classificou como sendo o maior ato do seu pontificado.
O Papa Pio XII escreveu uma encíclica chamada Haurietis aquas, que fala justamente sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus. Nesta carta, ele diz: “Conquanto a Igreja em tão grande estima tenha tido sempre e ainda tenha o culto do sacratíssimo coração de Jesus, a ponto de se empenhar em fomentá-lo e propagá-lo por toda parte entre o povo cristão”.
Vemos aqui a preocupação do Papa por fomentar essa devoção para todo o mundo, porque ele tinha a consciência de que, dessa devoção, o povo de Deus pode cumprir aquilo que está escrito em Isaías 12,3: “…Com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. O nome do documento, Haurietis aquas, significa justamente “retirar água” e faz alusão a essa passagem da Bíblia. O Coração de Jesus é essa fonte de salvação da qual jorram abundantes águas.
“No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-lhe esse Amor”, nos diz o Papa Leão XIII.
Essa carta é uma defesa da devoção ao Sagrado Coração que vale a pena conhecer. Nela, o Santo Padre coloca os fundamentos da devoção com exemplos da Sagrada Escritura, tanto do Antigo como do Novo Testamento e também de outros pontífices que, ao longo da história da Igreja, defenderam a adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Isso foi importante para Pio XIII porque, infelizmente, muitos católicos não chegavam a compreender todas as bênçãos que podem vir por meio dessa piedade querida por Jesus, chegando a classificá-la até como prejudicial à Igreja.
O fundamento de toda essa devoção é o amor de Deus. “No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-lhe esse Amor”, nos diz o Papa Leão XIII. É esse o núcleo da solenidade que celebramos.
Ao olhar o Coração de Jesus, devemos entrar nesse Coração pelo lado traspassado e viver, experimentar esse amor ardente de Cristo por nós, para que nós possamos também transmitir esse amor aos demais.